Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu

O exército sionista voltou a criar uma noite e manhã sangrentas no Líbano e em Gaza, enquanto os EUA vetaram uma proposta de cessar-fogo na ONU. No Senado deste país, a proposta de Sanders de se opor à venda de armas foi chumbada.

Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu

O Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, emitiu um mandado de prisão dirigido ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ao ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, considerando ter “bases razoáveis” para acreditar que cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza. Entre estes conta-se o uso da fome como arma de guerra. E também está em causa o bloqueio de outros bens essenciais à sobrevivência como medicamentos.

A mesma instituição emitiu também um mandado contra o chefe militar do Hamas, Al-Masri, também conhecido como Mohammed Dei, apesar da morte deste ter sido anunciada.

Os 120 países que assinam o estatuto de Roma ficam assim supostamente obrigados a cumprir a ordem caso o primeiro-ministro israelita aí se desloque.

O órgão rejeitou assim as alegações de Israel ligadas a questões de jurisdição do TPI.

A guerra intensifica-se

Esta quinta-feira os aviões israelitas estão atacar a zona de Tyre, no sul do Líbano, e preparam-se para bombardear os bairros do sul de Beirute de Haret Hreik and Hadath depois de terem emitido várias das ordens de evacuação que, por vezes, antecipam estes ataques.

Na Faixa de Gaza, uma série de ataques cidades de Beit Lahiya e de Gaza vitimaram pelo menos 88 pessoas durante a noite.

Já de manhã, um ataque sionista ao campo de refugiados de Nuseirat fez cinco mortos, um a Rafah fez três e um novo ataque a Beit Lahiya matou mais quatro pessoas para além das assassinadas durante a noite.

Em Gaza, foram mortos pelos militares israelitas desde 7 de outubro pelo menos 43.985 pessoas, com 104.092 feridas. No Líbano, desde o início desta vaga de ataques foram mortas 3.558 pessoas e 15.123 ficaram feridas.

Na Cisjordânia, desde a noite de ontem, as forças israelitas prenderam doze pessoas, de acordo com a Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, em Nablus, Hebron, Ramallah, Bethlehem e Qalqliya. Desde 7 de outubro, as rusgas no território são diárias e terão sido presas 11.700 pessoas.

EUA veta cessar-fogo outra vez

No Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma resolução de apelo a um cessar-fogo “imediato, incondicional e permanente” em Gaza foi vetada pelos EUA.

Tinha sido apresentada pelos dez países eleitos para o órgão que conta ainda com os “membros permanentes”. 14 dos 15 membros do órgão votaram a favor mas a oposição de Washington travou a aprovação.

O texto insistia igualmente em possibilitar a entrada segura de assistência humanitária em larga escala e na “libertação imediata e incondicional de todos os reféns”. Apesar disso, o embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, argumentou que teria de haver uma “ligação” entre o cessar-fogo e a libertação dos reféns. Majed Bamya, embaixador da Palestina na ONU, considerou por sua vez “não haver qualquer justificação para vetar uma resolução que tenta acabar com as atrocidades”.

Os Estados Unidos têm bloqueado sistematicamente as propostas de resolução que mencionem um cessar-fogo incondicional e permanente, tendo apenas aprovado em março uma que apelava a um cessar-fogo temporário no Ramadão (e que não surtiu qualquer efeito) e outra em junho passado em que se defendia um cessar-fogo por fases que seria acompanhado por um plano de libertação de reféns (e que igualmente não teve efeitos no terreno).

Senado chumba voto contra venda de armas a Israel

Enquanto isso, no Senado deste país, a iniciativa de Bernie Sanders de travar a venda de armas para Israel foi rejeitada. Houve apenas perto de vinte votos democratas a favor mas, tendo sido a primeira vez que uma proposta deste tipo foi alguma vez aí votada, vários grupos, como as Vozes Judaicas pela Paz, veem aí um “ponto de inflexão” que começa a desmontar o consenso que se construiu à volta da ajuda militar norte-americana ao regime sionista, tendo tido apoio de algumas figuras da ala maioritária dos democratas.

Para além disso, a proposta obrigou a Casa Branca a desenvolver uma campanha de pressão junto dos senadores do seu partido para assegurar o seu voto. O HuffPost revelou a mensagem que o Governo dos EUA enviou aos seus senadores nesse sentido, sugerindo-se que quem votasse a favor estaria a apoiar o Hamas e o Hezbollah. E o líder do partido no órgão, Chuck Schumer, tratou de estender a campanha de pressão pessoalmente a vários deles.