Classe Hospitalar é destaque no encerramento da ExpoEduc 2025 com relato emocionante de professoras e coordenadora do Hospital Infantil Varela Santiago
A ação, desenvolvida em parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Natal e o hospital Infantil Varela Santiago, visa garantir o direito à continuidade dos estudos mesmo durante o período de internação, respeitando as condições físicas, emocionais e pedagógicas de cada aluno.

No encerramento da 6ª edição da ExpoEduc, realizado no último sábado (26), no espaço Arena Vortex do Centro de Convenções, a Secretaria Municipal de Educação participou com uma apresentação comovente e inspiradora sobre o tema “Classe Hospitalar: espaço de acolhimento, aprendizagem e inclusão”. A proposta da classe hospitalar foi apresentada pelas professoras Luiza Mônica da Silva e Jéssica Alessandra Gomes Nunes Medeiros, que detalharam a rotina, os desafios e os impactos positivos desse serviço na vida de crianças e adolescentes internados.
A ação, desenvolvida em parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Natal e o hospital Infantil Varela Santiago, visa garantir o direito à continuidade dos estudos mesmo durante o período de internação, respeitando as condições físicas, emocionais e pedagógicas de cada aluno.
Professora da Rede Municipal de Ensino de Natal, Luiza Mônica, atualmente cedida para a Classe Hospitalar do Hospital Infantil Varela Santiago, enfatizou a importância do acolhimento e da personalização do ensino para os estudantes hospitalizados. “Estamos aqui para dar visibilidade a esse trabalho, fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e o hospital. O estudante é atendido desde o primeiro dia de internação até a alta médica. Somos a ponte entre a escola e o hospital, garantindo a continuidade da escolarização", destacou.
Durante sua fala, Luiza Mônica compartilhou um relato emocionante sobre o cotidiano da classe hospitalar: “Convido vocês a imaginarem um professor entrando numa enfermaria. Ao encontrar uma criança ou adolescente, muitas vezes em procedimento médico, ouvimos: ‘Professora, vamos estudar?’. Isso ecoa no nosso coração e reafirma que o desejo de aprender não se interrompe com a enfermidade. Cabe a nós, professores hospitalares, oferecer esse conhecimento com sensibilidade e escuta pedagógica", declarou.
Ela também ressaltou que o trabalho vai além do conteúdo programático. “Nem sempre o estudante está em condições físicas ou emocionais de absorver uma aula tradicional. Levamos o plano A, B e C, literalmente. Usamos até carrinhos de feira para transportar os materiais necessários. Adaptamos a aula ao momento do aluno, ao seu estado emocional e à sua capacidade naquele instante. Isso é parte do nosso compromisso com a inclusão”, completou.
Luiza também destacou a articulação em torno do serviço, que envolve uma tríade de apoio: a equipe da Secretaria Estadual de Educação, que atua no Núcleo de Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar; a Secretaria Municipal de Educação, por meio do Setor de Educação Especial; e a coordenação pedagógica do próprio hospital, garantindo suporte técnico e pedagógico para a continuidade dos estudos dos alunos hospitalizados.
A coordenadora pedagógica do Hospital Infantil Varela Santiago, Jéssica Medeiros, também participou da apresentação, trazendo a perspectiva institucional do serviço. Segundo ela, a atuação da Classe Hospitalar é respaldada por um termo de cooperação entre o hospital e as redes públicas de educação, tanto municipal quanto estadual. “Fazemos a ponte entre a escola de origem do aluno, pública ou privada, e o hospital, garantindo respaldo legal para que ele continue exercendo seu direito à educação. Nosso papel é dar continuidade ao vínculo escolar, mesmo em períodos de internação longa”, afirmou.
Jéssica destacou que muitos professores só tomam conhecimento do serviço quando são informados que um de seus alunos está hospitalizado. “Somos os professores dos alunos em condição de adoecimento, especialmente os de longa duração. Às vezes, aquele aluno que falta nas primeiras semanas do ano letivo está conosco. E é preciso que os professores saibam que a sua sala de aula está sendo estendida para dentro do hospital, com todo o cuidado e respeito ao seu planejamento”, explicou.
Ela também ressaltou a origem do projeto. A Classe Hospitalar foi idealizada pela professora Simone Rocha, inicialmente voltada aos alunos em tratamento oncológico, que, devido à fragilidade imunológica, passam longos períodos afastados das escolas regulares. “A professora Simone pensou numa escola dentro do hospital para evitar prejuízos na aprendizagem desses estudantes. E essa ideia se transformou em um serviço institucionalizado. Em 2012, a Secretaria Municipal de Natal legalizou a Classe Hospitalar, e em 2018 foi a vez do Governo do Estado. Hoje, o Rio Grande do Norte é um dos pioneiros no país a ter esse serviço garantido por lei ”, pontuou Jéssica.
O serviço da Classe Hospitalar, que hoje se expande para outros hospitais, é reconhecido como uma política pública de inclusão e um exemplo de como o direito à educação pode ser assegurado mesmo em condições adversas. A apresentação na ExpoEduc emocionou o público presente e despertou reflexões importantes sobre o papel da escola na promoção do bem-estar integral dos estudantes.