O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e a Campbell Scientific do Brasil formalizaram acordo, no Rio Grande do Norte, para medições e monitoramento voltados à energia solar.
“O objetivo é realizar campanhas de medição para o estudo da sujidade nos módulos fotovoltaicos”, detalha a pesquisadora líder do Laboratório de Energia Solar do ISI-ER, Samira Azevedo. “E o principal ganho com isso, para as indústrias, são caminhos que poderão apontar como reduzir custos de manutenção”, acrescenta.
Um termo de parceria assinado em Natal, estabelece que o Instituto conduzirá pesquisas relacionadas utilizando equipamentos da empresa. Dados e resultados obtidos serão compartilhados entre as partes, no período do contrato.
O acordo terá duração inicial de dois anos, com possibilidade de prorrogação.
Estudos
Sujidade, no contexto do setor de energia solar, é o nome que se dá à poeira, material particulado ou de outro tipo que vai se acumulando com o tempo e cobrindo a superfície dos módulos.
“A ação da sujidade nas superfícies de módulos fotovoltaicos, composta por diferentes partículas, é uma das principais causas ambientais da perda de eficiência desses sistemas. E um dos maiores problemas nas grandes usinas é, justamente, manter os módulos limpos, eliminar essa sujidade deles para manter a produção dentro do esperado”, explica Samira Azevedo.
Questões como quais são os tipos de sujidade mais presentes na região, qual é o melhor sensor para medir o problema e quanto é perdido de geração de energia entre um módulo sujo e um módulo limpo serão objetos de investigação.
Com os estudos que serão desenvolvidos, os pesquisadores também buscam apontar os melhores planos de manutenção para as usinas, dos mais simples aos mais elaborados.
“É que às vezes a indústria gasta esforços e investimentos muito grandes com uma solução não adequada e ao entender quais são os problemas de fato das usinas elas conseguirão direcionar a melhor estratégia, com o objetivo da redução dos custos”, ressalta a pesquisadora.
Acordo
Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, observa que o acordo firmado com a empresa é uma entre as várias frentes possíveis de atuação conjunta no mercado, em “um processo típico de ganha-ganha”.
O ISI-ER é a principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) em energia eólica, solar e sustentabilidade. A Campbell Scientific, por sua vez, é uma das maiores referências na área de medição meteorológica do mundo.
“O trabalho relacionado à sujidade”, diz Mello, “é o que está no foco da parceria hoje, mas o mais importante nessa história é que estamos juntando formalmente gigantes: o SENAI, que lidera o processo de PD&I no Brasil, o SENAI do Rio Grande do Norte, que faz isso para as energias renováveis, e a Campbell, um dos maiores atores do mundo na área de equipamentos e sensores voltados à energia solar”, complementa o executivo.
“A relevância disso é que a gente começa a caminhar junto, com a empresa enxergando o que está acontecendo na vanguarda da pesquisa aplicada para a energia solar no Brasil e com o ISI enxergando a tecnologia que está hoje sendo desenvolvida e instalada no mundo todo como pioneirismo, como o que há de tecnologia mais moderna”, observa.
Segundo o documento assinado, a finalidade do termo de parceria é fortalecer a integração para medição e monitoramento da usina piloto fotovoltaica do ISI-ER.
O termo estabelece condições para promover a cessão de equipamentos necessários, mediante compartilhamento de dados e resultados das pesquisas que serão realizadas.
“Para a Campbell, é muito importante se aproximar do usuário. E essa parceria com o SENAI é importante porque o SENAI faz uma interface entre a indústria e o cliente final, ajudando e orientando as nossas ações no mercado. Como desdobramentos, nós esperamos uma aliança cada vez maior e um diálogo maior com o mercado”, disse o gerente comercial da Campbell Scientific do Brasil, Davide Margelli.
Carla Lobato, também da empresa, ressaltou que “a parceria é importante pela parte da inovação. Por fomentar algo que o mercado está precisando”.